16 de outubro de 2014

Ainda teu...

Um  dia eu toquei suas mãos e senti que havia me encontrado, pela primeira vez.
E troquei, contigo, frases e segredos que eram meus desde sempre. E que agora não são mais segredos e sequer me pertencem, já que os dividi contigo.
E dei-te presentes. Não eram pra te agradar, nem pra conquistar nada de você. Apenas me agradava, já que era em busca de seu sorriso que eu o fazia.
E, assim, um dia nos amamos...
Em palavras, corpos, fogo, asas, letras.
Fizemos uma prece sagrada e te canonizei santa de meu altar.
E tu me deste tudo que era teu.
E eu te exigi mais do que devia: não me bastavam mais teus versos, teus olhares, tua cumplicidade.
Não me bastava imaginar que existia.
Queria-te inteira, corpo e fogo novamente. Queria a carne e não só a prece.
Fiquei vil, reles. Voltei à minha humanidade.
Mas nunca te fui indiferente. Nunca me esquivei de ti.
Mas me doía cada vez que te falava e tua única palavra era “nada”.
Teu único diálogo era o silêncio.
E eu sabia que estar com você, ainda assim, era tudo que eu queria. Mas sentia em mim que eu estava sendo um tolo.
Porque era amor o que eu sentia...
Mas, em mim, eu sabia que não o receberia mais...
Só suas juras, suas palavras. Sequer com suas promessas eu podia contar: que planos você  traçou pra nós que manteve? Que planos ainda temos pra sonhar, já que não há jeito de você se permitir entregar, enfrentar?
Você não percebe que é você que teme. Que é você quem evita, quem foge, quem quer e não quer.
Não, eu não quero a parte ruim do amor.
Não, não quero te ferir com palavras de lamentos, nem te culpar.
Não, não vou escrever nada pra te ferir.
Não, não te prometo este como meu último poema pra você.
Meu coração é uma fresta na porta da esperança, entre o inferno e o céu. A luz que brota ainda é a do teu olhar.

...

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