16 de fevereiro de 2015

Nome




Rascunho teu nome num caderno qualquer.
E rasgo o papel logo em seguida.
Teu nome torna-se nuvem dourada à minha frente e flutua, leve.
São letras que se desenrolam no gesto imprudente da brisa e misturam-se em dança.
Meus olhos céticos assistem a tal assombro e sei que meu delírio brinca comigo.
Tenho os olhos ardentes de um sono que nunca mais me visitou.
Tenho a mesmas mãos trêmulas de antes e o semblante que lembra escarpas.
Minha pele está fria como gelo e sei que meu coração nunca me pertenceu.
O que tenho em mim é só a certeza de que não sou nada além de ausência.
Respiro fundo.
As letras de teu nome, rasgadas no papel sobre a mesa, estão tão incomunicáveis a mim como o próprio mundo a minha volta.


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